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Como será o amanhã no mercado de energia solar fotovoltaico?

O ano de 2022 será histórico para o mercado fotovoltaico no Brasil e no mundo todo

Autor: 12 de setembro de 2022dezembro 4th, 2022Opinião
6 minutos de leitura
Como será o amanhã no mercado de energia solar fotovoltaico?

Segundo Carlos Trotta, o mercado solar está cada vez mais em expansão. Foto: Envato Elements

O ano de 2022 será histórico para o setor solar. Podemos chamá-lo de “ano da década” pois o que foi instalado de GD (geração distribuída) desde a Resolução 482 até este ano, em torno de 9 GW, já conseguimos dobrar esta marca em apenas uma ano, chegando em 18 GW. O que isto significa?

Significa que o setor está crescendo e muito! Sim, em todo o mundo, e no Brasil, a demanda por energias renováveis, em especial a solar, tem sido destaque em todos mercados e em muitas mídias.

A cadeia do setor solar, após os acontecimentos na China no primeiro semestre, sentiu, e muito, a falta de equipamentos, a demora na entrega pelos fornecedores e um grande aumento nos fretes internacionais. Contudo, a demanda não cessou e com isso vislumbramos que o setor tem tudo para continuar crescendo, mesmo frente às adversidades que ainda podemos encontrar.

Tudo isso mostra a força de um mercado em expansão, mas com toda esta demanda, é claro, que fornecedores de todas as categorias do setor solar querem focar o Brasil e a América Latina em seus planos estratégicos de vendas. E isso cria um cenário de muitos novos entrantes, seja de placas, inversores, estruturas e acessórios.

Isso é bom? Sim, pois podemos ter opções de compra e, principalmente, escolher dentre os players aquele que se ajusta a um projeto e um dimensionamento ideal.

Mas com todo este crescimento, cenário favorável de 2022 e com quase 1,4 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados, surge uma pergunta tão importante como o crescimento da área: quantos destes sistemas se tornarão os órfãos do setor solar do amanhã?

Digo isso pois em minha caminhada no setor, desde 2018, onde acompanhei o grande salto de 2017 para 2018 sempre com o crescimento contínuo, percebo que a cada ano novas marcas entram no setor e sempre as garantias crescem de cinco para 10 anos de inversores, de 10 para 12 anos e alguns até 15 anos para placas. Mas como é possível controlar todas estas garantias em um mercado que cresce exponencialmente?

Sim, esta é uma questão que toda a cadeia precisa começar a debater, pois muitos novos entrantes que não possuem sequer cinco anos de existência começam a propor garantias que extrapolam muitas vezes o tempo de existência dos mesmos e sem ao menos ter um histórico de falhas de seus produtos.

Tenho visto marcas de painéis ou inversores que não possuem sequer um escritório oficial no país e propondo anos e anos de garantias de eficiência linear e garantias de trocas, muitas vezes trazendo contêineres para vendas e mais vendas.

Mas como fazer isso com garantias se não houver um representante da empresa, com foco na experiência do cliente e com a responsabilidade de cuidar de todos os seus clientes que adquiriram equipamentos fotovoltaicos?

Como será a troca dos painéis de 340 W ou menos, que agora não possuem mais produção, se não se passaram ainda 10 ou 12 anos de garantia? Onde buscar assistência técnica para inversores que estão acima de cinco anos?

Este ano de 2022 marca o início dos 10 anos propostos lá atrás e, a partir de agora, com a degradação natural dos equipamentos, começaremos a entender se foram reais ou não as propostas feitas e começaremos a conhecer os órfãos do setor solar que, infelizmente, se tornarão um grande desafio para as marcas que já ainda existem no país, para as que já se foram e para as que querem entrar.

Todos estes antigos clientes ao recorrerem aos seus contratos antigos, quando analisarem suas cláusulas, vão buscar os integradores que montaram seu sistema e não vão encontrar pois muitos na jornada desistiram de continuar.

Vão buscar os distribuidores e não vão encontrar pois muitos não deram continuidade ao seus negócios, pois não é tão simples ser um distribuidor. E, por fim, vão buscar as marcas que compraram e vão entender que muitas nunca estiverem realmente no Brasil e muitas mesmo fora daqui já não existem mais, ou até podem existir mas seus contratos estavam ligados ao distribuidor que já não mais existe.

Com isso podemos entender que a instalação de um sistema solar não é seguro? Claro que não. Cada vez mais se tornará melhor e mais confiável e seguro.

O que podemos definir é que o mercado deve, a partir do ano de 2022, a questionar mais sobre a qualificação de seus players e principalmente criar estratégias para que os usuários finais que confiaram nas promessas de 25 anos de produção de energia limpa, sejam os influenciadores de novos projetos a serem instalados.

Entendo que as associações existentes no Brasil e as que surgirem devam ser as protagonistas para encabeçar debates sobre este tema que com certeza vão ocorrer, como já ocorrem, e definir meios de instruir não só os instaladores e distribuidores, mas também desenvolver uma comunicação dirigida aos usuários finais da cadeia em como se proteger disso e principalmente como solucionar este impasse quando ocorrer.

No meu ponto de vista, quando chegarmos a ter uma mercado maduro em solar, teremos que trabalhar para que cada vez mais o setor cresça com o pensamento na experiência positiva dos clientes, deixando os totalmente confortáveis sobre o futuro do seu investimento.

Como fazer?

Sim, esta é uma pergunta que deixo para debate a todos nós envolvidos na cadeia, mas tenho a certeza que a solução não será apenas os preços baixos de vendas para ganhar em volume que teremos um resultado positivo e sim com muita capacitação e discernimento dos fabricantes que o preço deve conter claro suas margens de lucro, mas deve conter principalmente segurança para os que compraram e a garantia que existe um pai para cada sistema instalado em nosso imenso país de oportunidades solares.

Carlos Trotta

Carlos Trotta

Graduado em Ciência da Computação pela UNICAMP. Pós-Graduação em Gestão de Negócios com ênfase em Marketing pela Universidade São Francisco. Especialização em Energia Fotovoltaica pela UNICAMP.

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