O MME (Ministério de Minas e Energia) pretende articular com os demais órgãos do setor elétrico a realização de um sandbox (ambiente de experimentação) para armazenamento de energia, incluindo projetos greenfield e brownfield, neste último caso utilizando como base o empreendimento implementado pela ISA Cteep em uma subestação em Registro, no interior de São Paulo.
A informação é de Thiago Prado, diretor de Planejamento e Outorgas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica do Ministério, que participou nesta quarta-feira (14) de um webinar sobre armazenamento de energia promovido pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Segundo o representante do MME, a tecnologia de armazenamento proporcionará otimização da infraestrutura elétrica existente, com a postergação de investimentos em expansão, flexibilidade para lidar com variações de oferta e demanda e redução de custos da operação.
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Para Prato, além de planejar é preciso uma articulação setorial para que haja a devida apropriação política, regulatória, operacional e a definição de modelos comerciais de produtos e serviços para essa nova tecnologia.
De acordo com Christiano Vieira da Silva, diretor de Operação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), uma alternativa a se estudar é a viabilidade de utilizar sistemas de armazenamento de energia com baterias instalados em pontos estratégicos da rede para aproveitar parte da energia que seria impedida de gerar, a partir do carregamento dessas baterias em período de restrição, despachando-a em outro período em que seja mais conveniente.
“Alguns casos conhecidos se repetem. Além das eólicas e fotovoltaicas no Nordeste, temos a energia vertida turbinável de Tucuruí e Belo Monte, praticamente todo o período úmido, principalmente na carga leve”, disse Vieira. Para ele, o armazenamento de energia desempenha um papel fundamental na melhoria da estabilidade, flexibilidade e confiabilidade da operação do sistema elétrico.
Na visão de Carmem Sanches, secretária adjunta de Inovação e Transição Energética da ANEEL, o principal desafio da regulamentação do armazenamento é capturar os benefícios econômicos das tecnologias e superar os custos de investimento e de operação e manutenção. A especialista aponta como sugestão regulatória a realização de leilões que permitam a participação de recursos de armazenamento e outras tecnologias de flexibilidade.
A ANEEL lembra que em 2016 foi realizado um Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico para armazenamento de energia, com cinco anos para serem executados. Na época, tiveram 29 propostas, com investimentos da ordem de R$ 558 milhões. Alguns projetos só foram finalizados neste ano por causa de atrasos causados pela pandemia de Covid-19.